Peço a licença
De revoltar-me ante este tempo
E querer mudar o tom
Quando os rostos mostram tão pouco,
Os lábios nada falam,
Num longo inverno de afeto
Vou te pedir um favor
Chuta isso pro canto
Sê tu a revolução
Teu sorriso além dor
Bota pra fora sem dó
O espelho da alma nunca mente
É tua matéria
Quero me embalar com cada um deles
Como um muleque sem amanhã
Se o amor for um cartão velho na gaveta
A vida que se reinvente
Eu me levanto contra ela
Com balas de compreensão
E se por acaso você rir
- tal qual o pôr do sol em fim de tempestade -
Vai me dar meu escudo
Aí muda tudo
Aí eu mudo o mundo
Ô se mudo
E volto pra te ver sorrir mais uma vez.
05.05.2018
Sociedade dos Poetas Vivos
Três estilos e uma só mesa
domingo, 6 de maio de 2018
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Tenha bons sonhos, pequeno pudim
Dormi
Dormi no ponto
Só esperando passar
Dormi no conto
Antes da história fechar
Dormi
De olhos abertos e cabeça longe
Sem pijama, sem namasté, sem monge
Dormi no verso
Antes da rima rimar
Dormi
Dormi pra esperar
E antes do sol nascer, já era madrugada de novo
Madrugada quieta de cabeça barulhenta
Barulhos incertos de quem não dorme,
lamenta
Quem me dera dormir
Dormi no ponto
Só esperando passar
Dormi no conto
Antes da história fechar
Dormi
De olhos abertos e cabeça longe
Sem pijama, sem namasté, sem monge
Dormi no verso
Antes da rima rimar
Dormi
Dormi pra esperar
E antes do sol nascer, já era madrugada de novo
Madrugada quieta de cabeça barulhenta
Barulhos incertos de quem não dorme,
lamenta
Quem me dera dormir
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Pélago
Dentre os caminhos que o olho enxerga
Nestas ondas cinzas que encobrem o céu
Este céu - antes claro- cujo sol é um ausente relance
Não faz sombra no plano da vida
É o resquício agudo do imenso léu
Pélago perene que recobre o leito
O amplo leito que repousa meus sonhos
Cada dia menos opacos
Te aprecio, impávido
Em seu choro lento e verdadeiro
Como quem não há de ser metade
Nestes tempos tão amargos
Quando não existe inteiro
E tão holístico
Que jamais hei de esquecer
A brisa me beija, apaixonada
Vem uivando seu canto
Me afaga em seu manto
E sai correndo em disparada
Há pressa de chegar
É revoada, rebuliço
Havia ela, eu não ouvi
Lá vinha ela e eu aqui
Submisso
Encantado
Dobrou pra lá de onde se pode ver
E me trouxe a este chão
Pisei sobre triste lamúria
Voz que me fala em segredo
"Não existe, senhor, felicidade
Está distante a liberdade
És eterno escravo de teus medos"
Preciso descobrir a trilha
À margem do desgosto
Blindada da saudade
Inunda de verdade
Por ti clamo!
Mostre-me seu rosto!
Estrada que há de me levar
Onde os desejos não são cacos
Preciso te despir
Preciso passar por ti
Só tu sabes conduzir
A onde a amplidão é sempre cinza
Minha alma é sempre viva
E o vento brinca desmedido
Seremos eternos
Henrique Fonseca, 19-01-2016
Nestas ondas cinzas que encobrem o céu
Este céu - antes claro- cujo sol é um ausente relance
Não faz sombra no plano da vida
É o resquício agudo do imenso léu
Pélago perene que recobre o leito
O amplo leito que repousa meus sonhos
Cada dia menos opacos
Te aprecio, impávido
Em seu choro lento e verdadeiro
Como quem não há de ser metade
Nestes tempos tão amargos
Quando não existe inteiro
E tão holístico
Que jamais hei de esquecer
A brisa me beija, apaixonada
Vem uivando seu canto
Me afaga em seu manto
E sai correndo em disparada
Há pressa de chegar
É revoada, rebuliço
Havia ela, eu não ouvi
Lá vinha ela e eu aqui
Submisso
Encantado
Dobrou pra lá de onde se pode ver
E me trouxe a este chão
Pisei sobre triste lamúria
Voz que me fala em segredo
"Não existe, senhor, felicidade
Está distante a liberdade
És eterno escravo de teus medos"
Preciso descobrir a trilha
À margem do desgosto
Blindada da saudade
Inunda de verdade
Por ti clamo!
Mostre-me seu rosto!
Estrada que há de me levar
Onde os desejos não são cacos
Preciso te despir
Preciso passar por ti
Só tu sabes conduzir
A onde a amplidão é sempre cinza
Minha alma é sempre viva
E o vento brinca desmedido
Seremos eternos
Henrique Fonseca, 19-01-2016
domingo, 13 de dezembro de 2015
Monólogo a ti
Tão logo chegue, amigo
Separe aí dentro o joio do trigo
Ande, sem cambaleio
Conte-me, meu amigo
O que andas fazendo da vida
Se não procurando essência?
Neste monólogo, quero que sinta sem meio termo
E responda-me, com o íntimo de seu pensamento
Preciso, por favor
Descobrir os elos que nos entrelaçam
O cadeado das correntes que nos acorrentam
Para assim saciar a fome do conhecer
E acima de tudo, descobrir
A trilha da felicidade
Mas bem, dizíamos que procuramos
Em esquinas, bares, amores, beijos, sons ou Bourbons
E em certa medida, neles por ora podemos encontrar
Uma amostra grátis do que nos promete a lenda
Mas o ouro está enterrado em alguma ilha que não consta em
mapas
Então qual seria nosso guia?
Não trago aqui respostas, amigo
Estamos de mãos dadas nesta busca
Presos pelas mesmas correntes, aninhados nos mesmos deleites
E aflingidos pelos mesmos medos
Ainda que as chagas se configurem diferentes
O sangue jorra em todos nós
E de nós estamos fartos
De amarras e mordaças
Do infinito golpe que bate e perfura
Que afunda sem lisura
E dilacera cada centímetro quando se tenta retirar
Excalibur
Sintamos as mágoas
Abracemos a decepção
Choremos o passado
É choro de repúdio
O silencioso protesto do que a alma não expurga
Dando o fim diário à paz que é, há tempos, utopia
A terra, os rios, os vermes são os mesmos
E a escara que não fecha está escrita na eternidade do tempo
Que nem a morte, senhora mor de nosso destino
Deusa de nossa era
Apaga com seu tiro de misericórdia
Brindemos o fracasso
Reciclada eternamente no leito de quem já viveu
E todo aquele
Que na infinda dança de facas
Tirou seu par à sublime e sádica
Valsa funesta do sofrer
Henrique Fonseca, 13/12/2015
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Biografia
"Não és uma gota no oceano
És o oceano em uma gota"
Autor desconhecido
Certa vez me vi em frente à uma sala
Tão suntuosa que sonho nenhum haveria de abrigar
Mas que há tempos eu conhecia
Por ali meu pensamento corria
Sala de ser
E ali, em suas paredes e em seu teto,
Toda minha breve história pude ver
E a cada quadro que eu olhava
Florescia um sorriso de alma
Ou uma lágrima seca me doía
- Essas que meu peito chama mas não se fazem água
Ardem como fogo de queimada
Chamas de covardia -
Um passo à frente
Molduras negras de muitos tamanhos e formas
Mas que não se impuseram uns às outras ao meu olhar
Tão límpidas, tão escuras
De deleites e mormaços
Ali se faziam tão concisas
Nos limites sufocantes de bordas lisas
- Ah, que não estivessem confinadas em tal espaço
Que em molduras de proporções infinitas pudessem repousar! -
Então varro a primeira parede
E repouso na primeira raridade
A beleza e o sorriso de criança
Perdidas num imenso céu desestrelado
Que entorpece minha mente
Como se por milagre, de repente
Não tivesse mais o viver ralado
Daquela humilde infame tenra idade
Ah, que aperto no peito
Acredite, verdadeiramente
Respiro ofegante
Não há outro jeito
Vamos adiante
Que atire a primeira pedra
- mas não aqui, templo sagrado -
Quem já viu obra de maior primor
O Despertar Às Portas do Mundo
Um menino largo em leitura
Fadado à sua eterna ventura
Na qual sempre foi livre para ser imundo
Purificado
Um olhar acima, uma figura divina
Um humano em sua infinita inconstância
Dizendo o que há de ser de seu ser
E tão incerto quanto as lágrimas de um lago
Onde se assenta a desilusão
Com olhar "o que foi? O que há?"
Onde se perdeu a essência de criança?
Em qual esquina dessa vida tão sucinta
Perdeu-se a graça da dança?
Ah, que aperto no peito
Então vejo, finalmente, o quadro da alma
Aquele que nunca morre nem cambaleia
Que acompanha o garoto desde que pôs os pés nesse mundo
O dito Universo, que em verdade me diz
"Sejas inteiro em suas imperfeições,
E por inteiro ames esta vida
Porque, se não há glória em vossas ações
Há louvor em vossas feridas"
Num sussurro turvo
Para que eu nunca mais esqueça
"Que a culpa não te corroa
E que tua alma refloresça"
A canção baixou me repousando em um berço que não via há muito
Me deitou neste olhar de amplidão
E o céu estampado em tons rubros
Foi meu abrigo infinito
Na sublime graça do perdão
Henrique Fonseca, 27/10/2015
És o oceano em uma gota"
Autor desconhecido
Certa vez me vi em frente à uma sala
Tão suntuosa que sonho nenhum haveria de abrigar
Mas que há tempos eu conhecia
Por ali meu pensamento corria
Sala de ser
E ali, em suas paredes e em seu teto,
Toda minha breve história pude ver
E a cada quadro que eu olhava
Florescia um sorriso de alma
Ou uma lágrima seca me doía
- Essas que meu peito chama mas não se fazem água
Ardem como fogo de queimada
Chamas de covardia -
Um passo à frente
Molduras negras de muitos tamanhos e formas
Mas que não se impuseram uns às outras ao meu olhar
Tão límpidas, tão escuras
De deleites e mormaços
Ali se faziam tão concisas
Nos limites sufocantes de bordas lisas
- Ah, que não estivessem confinadas em tal espaço
Que em molduras de proporções infinitas pudessem repousar! -
Então varro a primeira parede
E repouso na primeira raridade
A beleza e o sorriso de criança
Perdidas num imenso céu desestrelado
Que entorpece minha mente
Como se por milagre, de repente
Não tivesse mais o viver ralado
Daquela humilde infame tenra idade
Ah, que aperto no peito
Acredite, verdadeiramente
Respiro ofegante
Não há outro jeito
Vamos adiante
Que atire a primeira pedra
- mas não aqui, templo sagrado -
Quem já viu obra de maior primor
O Despertar Às Portas do Mundo
Um menino largo em leitura
Fadado à sua eterna ventura
Na qual sempre foi livre para ser imundo
Purificado
Um olhar acima, uma figura divina
Um humano em sua infinita inconstância
Dizendo o que há de ser de seu ser
E tão incerto quanto as lágrimas de um lago
Onde se assenta a desilusão
Com olhar "o que foi? O que há?"
Onde se perdeu a essência de criança?
Em qual esquina dessa vida tão sucinta
Perdeu-se a graça da dança?
Ah, que aperto no peito
Então vejo, finalmente, o quadro da alma
Aquele que nunca morre nem cambaleia
Que acompanha o garoto desde que pôs os pés nesse mundo
O dito Universo, que em verdade me diz
"Sejas inteiro em suas imperfeições,
E por inteiro ames esta vida
Porque, se não há glória em vossas ações
Há louvor em vossas feridas"
Num sussurro turvo
Para que eu nunca mais esqueça
"Que a culpa não te corroa
E que tua alma refloresça"
A canção baixou me repousando em um berço que não via há muito
Me deitou neste olhar de amplidão
E o céu estampado em tons rubros
Foi meu abrigo infinito
Na sublime graça do perdão
Henrique Fonseca, 27/10/2015
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Nicotinando-te
Ser teu fétido cinzeiro
Com miseráveis tocos de ardor
Amassados... sem meia brasa d'amor?
Filtro esse vil sorriso grosseiro!
Cinzas de verbos sem cor.
Versos que se queimam qual alvorada.
Se acinzenta a chama apagada;
Se acimenta a quentura da flor.
Em ti, quando bailas turva e sagrada,
Me abraso com o prazer em que me agarro,
Feito, na pestilenta gargante, o pigarro.
Teu gáudio eu sugo numa tragada.
Eu lhe trago. Sem escarro...
Furto-lhe a obsessão que beijas...
Trago-te ao peito! Ainda que sejas
Mero nome de mulher ou mera fumaça de cigarro.
Viçosa, 02/10/2015
Cristiano Durães
Com miseráveis tocos de ardor
Amassados... sem meia brasa d'amor?
Filtro esse vil sorriso grosseiro!
Cinzas de verbos sem cor.
Versos que se queimam qual alvorada.
Se acinzenta a chama apagada;
Se acimenta a quentura da flor.
Em ti, quando bailas turva e sagrada,
Me abraso com o prazer em que me agarro,
Feito, na pestilenta gargante, o pigarro.
Teu gáudio eu sugo numa tragada.
Eu lhe trago. Sem escarro...
Furto-lhe a obsessão que beijas...
Trago-te ao peito! Ainda que sejas
Mero nome de mulher ou mera fumaça de cigarro.
Viçosa, 02/10/2015
Cristiano Durães
domingo, 31 de maio de 2015
Foz
Há muito brinco de verso
Procuro a cura pro fracasso
De não ser homem de aço
Porque o peito clama o inverso
Corro atrás dos prejuízos
Mas os dias tem fugido
- não se volta a tempos idos
nem se enterra os sorrisos -
Não é dor de peito aberto
Tem sabor de choro manso
Como a chuva que não cansa
De pingar sobre esse teto
Desta gota que me rega
E resiste em desgostar
Só me resta o vago arfar
De uma alma morta e cega
De rima em rima corre o rio do remorso
Transbordando as margens do olho ranço
Nesta queda de pálpebras
Delineia-se sem devaneios uma cachoeira salgada
E na foz se faz, sobre a pobre alma do homem
O sublime e divinal revés de ser humano
Henrique Fonseca, fevereiro de 2015
Procuro a cura pro fracasso
De não ser homem de aço
Porque o peito clama o inverso
Corro atrás dos prejuízos
Mas os dias tem fugido
- não se volta a tempos idos
nem se enterra os sorrisos -
Não é dor de peito aberto
Tem sabor de choro manso
Como a chuva que não cansa
De pingar sobre esse teto
Desta gota que me rega
E resiste em desgostar
Só me resta o vago arfar
De uma alma morta e cega
De rima em rima corre o rio do remorso
Transbordando as margens do olho ranço
Nesta queda de pálpebras
Delineia-se sem devaneios uma cachoeira salgada
E na foz se faz, sobre a pobre alma do homem
O sublime e divinal revés de ser humano
Henrique Fonseca, fevereiro de 2015
Resquício
Sobra o resto, a ponta do que algum dia se viveu
Do que se aprendeu
Restam as mágoas de vida não vivida
Do sorriso não dado
Do lábio não beijado
Da bebida não bebida
Deste joelho despedaçado
Com o peito já rasgado
Digo-lhe, faltou-me amor
Umas ou duas porções
Que valeriam por milhões
Se algum dia eu pudesse ver
E de tanto crer, viesse a fazer
De minha cela uma saída
E que eu não me sinta morto no amanhã
Que ao acordar, não me sinta vão
Que ainda me reste algum valor
Acima da tormenta covarde que balança meu átrio
Porque se hoje eu sou torpor
Algum dia fui razão
E se não sou eu meu guardião
Quem poderia ser?
Henrique Fonseca, 31/05/2015
terça-feira, 12 de maio de 2015
No ritmo do sol
Quando ela se cansa
E - sereníssima - vai beijar o mar,
Desata a cantar e cantar
C'as filhas da esperança.
E quando ele se abre imperioso,
Deixando o vento assoprar,
Revela as mil e uma faces a orar
Na manhã do domingo tedioso.
E o vento, trajado de frio
Traz à narina impura
O cheiro do Capim Gordura
Que rodeia o velho rio.
E o rio manso; a delongar,
Segue o caminho da morte
E, com muita (ou pouca) sorte,
Também vai beijar o mar.
Abre a janela! Já pede licença
O espetáculo da aurora
Que canta, e vibra, e chora
Pela tua orbe de descrença.
E no caminho da vida,
Não te esqueça que ninguém peita
A estrela-mór que a tarde se deita
Na cama dos céus; na tua ferida.
E quando a lua se cansar do espaço vazio
Vá deitar-se ao lado do sol cansado
Pra se esquecer desse cansado enfado
Que, no teu peito, delonga feito o rio.
E na manhã da segunda
Levanta-te com o sol que se felicita
Ao ver que se precipita
A fria terra fecunda.
Fecunda de flores mil!
Flores nos teus covachos;
Matéria prima dos teus garranchos
Na tua alma de amante vil.
E na tarde, radiante,
Te esqueça da vileza;
Arranca a pobreza
Que escorre no teu pulsante.
E assim, amante e alanceado,
Esqueça-te do futuro e do passado;
Do terno escuro amassado; mal lavado...
Sonhe! Sonhe um bocado!
Cristiano Durães
Viçosa, 12/05/2015
E - sereníssima - vai beijar o mar,
Desata a cantar e cantar
C'as filhas da esperança.
E quando ele se abre imperioso,
Deixando o vento assoprar,
Revela as mil e uma faces a orar
Na manhã do domingo tedioso.
E o vento, trajado de frio
Traz à narina impura
O cheiro do Capim Gordura
Que rodeia o velho rio.
E o rio manso; a delongar,
Segue o caminho da morte
E, com muita (ou pouca) sorte,
Também vai beijar o mar.
Abre a janela! Já pede licença
O espetáculo da aurora
Que canta, e vibra, e chora
Pela tua orbe de descrença.
E no caminho da vida,
Não te esqueça que ninguém peita
A estrela-mór que a tarde se deita
Na cama dos céus; na tua ferida.
E quando a lua se cansar do espaço vazio
Vá deitar-se ao lado do sol cansado
Pra se esquecer desse cansado enfado
Que, no teu peito, delonga feito o rio.
E na manhã da segunda
Levanta-te com o sol que se felicita
Ao ver que se precipita
A fria terra fecunda.
Fecunda de flores mil!
Flores nos teus covachos;
Matéria prima dos teus garranchos
Na tua alma de amante vil.
E na tarde, radiante,
Te esqueça da vileza;
Arranca a pobreza
Que escorre no teu pulsante.
E assim, amante e alanceado,
Esqueça-te do futuro e do passado;
Do terno escuro amassado; mal lavado...
Sonhe! Sonhe um bocado!
Cristiano Durães
Viçosa, 12/05/2015
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Ardis de poeta
Cala-te, musa!
Nos olhos amarelos,
Dança confusa
A rósea flor dos anelos.
A ira do teu peito
E o sustenido da tua voz
São os versos que aproveito
Num poema que é vítima e algoz.
Canta, harpia,
A fúria dos teus afagos,
E, no pó da poesia,
Escarra-me os sonhos mais vagos!
O fulgor do teu semblante
E o descompasso dos teus passos
São herdeiros da dor daquele instante
Em que os desejos são escassos.
Foge,musa!
Nos teus lábios gélidos
Esconde-se quem abusa
Do calor dos teus beijos trépidos.
A quentura da tua mão
E o arranjo da tua dor
São os assomos do coração
Calejado e alanceado... sem cor.
"Poeta, cale a ira dos teus versos!
Cante o fulgor da tua dor!
E no calor dos teus desejos emersos,
Fuja dos diminutos assomos de rubor!"
Viçosa, 05/04/2015
Cristiano Durães
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